Eu estive lá, meu anjo
Buscando o dom de sonhar.
Estive buscando além,
Até perceber que esta libertade estave me sufocando.
Até descobrir que o propósito do Tempo
Era me aprisionar.
Daí, menti, meu anjo
Menti por não ser o bastante.
Lutei para creditar no que me fazia sentir,
E chorei ao perceber que não sentia mais.
Olhe para mim, meu anjo
Veja meus olhos cobertos de areia
E minhas mãos sujas de sangue.
Sinta meu coração pulsando de medo,
E veja meus péspresos por correntes de culpa.

Matei a dor, meu anjo
Sem perceber que era parte de mim.
E entreguei minha alma,
Minha alma vazia de tanto gritar.
Até vomitar ódio no coração alheio
Pensando poder controlá-lo.
Estou em paz, meu anjo
Em paz com a derrota e o sonho da vitória.
Em paz com a fraqueza e a ilusão do poder.
Em paz com o medo e a esperança da coragem.
Em paz com o fim e a impossibilidade de um recomeço.