Ela quis perguntar pra que direção você está indo, mas acho que ela enxergou que isso não importa mais. Parece que ela conseguiu reencontrar seu próprio caminho, conseguiu recuperar sua leveza e seu brilho apesar da exaustão. Percebeu qual o lugar dela em sua vida, percebeu quem é pra você. Não importa, ela não está mais esperando.
Ela está sorrindo novamente. Nem sempre é um sorriso verdadeiro, mas é sempre mais brilhante e esperançoso. Sabe que é sempre bom lembrar o quanto já percorreu, mas achou melhor nunca olhar pra trás pra conferir. Ela é assim, viu que não podia tentar se enganar. Ela é livre, gosta de olhar pra onde lhe chamar mais atenção, gosta de pular alto sempre tentando tocar a Lua, roubar o brilho do Sol. Ela é a estrela predileta dos Deuses, mas até as estrelas somem às vezes. Se perdeu nesse tornado que desordenou seu coração. Um tornado que machuca, que quebra, que se apodera, mas que limpa. Ele te obriga a se livrar do que não te serve mais.
Não se preocupe. Ela ainda está gritando por você, está tentando te fazer acompanhá-la. Mas, não por muito tempo. Está cada vez mais longe, andando pra sua glória, a glória dada pelos Deuses. Ela não pode te obrigar a se mover. Você parece gostar de ficar parado à margem olhando quem passa. E ela, moça às vezes tola, parou pra te ver e tentar te levar. Parou por você e se perdeu, pois ainda não sabia que você não quer caminhar, não quer sair do lugar.
Mas ela já está seguindo em direção ao seu destino. Ela vê uma luz lá na frente, uma luz que você prefere não enxergar. E quando você decidir enfrentar a estrada, talvez tenha que se apressar muito pra alcançá-la correndo o risco de fracassar e vê-la tão iluminada, que a luz poderá cegá-lo. Tão radiante, tão viva entre outras luzes que você irá se constranger com a sua escuridão. Essa escuridão onde você preferiu estar todo esse tempo. E talvez, ela segure sua mão e te ensine a brilhar. Ou, quem sabe, ela sequer te enxergue.
Então aproveite o tempo que você ainda tem, curta "a diversão dos tempos vagos" que ela ainda se permite ser pra você... ela ainda está te chamando.

"... é a solução de quem não quer perder aquilo que já tem, e fecha a mão pro que há de vir."

Achei que ela estivesse por perto pra ver sua vitória. Seu caminho estava repleto de flores que ela jogou e perfumou. Ela precisou correr um pouco mais, porém, se deliciou com sua voz. Tinha as mãos marcadas pela luta, os olhos cansados e os pés rachados. Mas, ainda brilhava e conseguia te aplaudir.
"Que menina boba!", eles diziam. Mas ela nunca se importou, acreditava na sua força, mocinho. Ela viu seus olhos.
"Que menina má!", outros diziam. Ela sabe o quanto te magoou, esqueceu de tirar os espinhos das flores. Matou tantos momentos, jogou areia em seus belos olhos, amordaçou sua boca. É... ela não podia mais ouvir sua voz, mas se lembrava de quão doce e leve ela era. Marcou seus punhos com seu sangue, e sujou seu coração com medo. Foi doloroso, mas você cresceu.
Ela ainda sorri a cada passo seu, e chora a cada tombo. E ela lamenta cada cicatriz que encontra em seu corpo, mas sente paz em sua respiração. Ela deixou suas mãos livres, lembra?