quinta-feira, abril 28, 2011

"Quem vê meu sorriso, não enxerga minha dor. A dor que castiga, mas não induz à redenção. Já me disseram que sou capaz de amar, mas que tipo de amor? Que amor é esse que mata o ser amado e faz sofrer o ser amante? Incrédula! Isso é o que sou quanto a essa suposta capacidade de amar. O peso é grande, a dor é forte, a maldade é verdadeira e a justiça é evidente. Lixo ou Céu, ser amado? Purgatório ou Inferno, ser amante? Mutilar é pouco, é bem pouco arrancar o coração. Foi a última oportunidade de conhecer o que chamam de amor, foi a última chance de redenção. Mas, quem quer a redenção? Quem disse que é por isso que dói? Sequer consigo atingir o autoperdão. Nem consigo enxergar as justificativas que outros encontraram. Mente podre em um mundo bom, mente que nos faz achar que o destino alheio está em nossas imundas mãos. Cabeça fraca, coração ferido, pés rachados e ventre impuro. Rejeitei a felicidade ao rejeitar o grande desafio. Hoje rejeito a mim, e aceito a dor. Recuso o perdão e abraço o sofrimento eterno. A insânia me espera, o desfalecer me acompanha, o desenlace me atrai e o início me grita. O início de um novo tempo, um tempo sem fim, sem paz, sem buscas, sem esperanças, sem luz, sem o tão discutido e rejeitado 'amor'. Mate-me se me amar, e rejeite-me se me quiser!"

sábado, abril 09, 2011

UMA CARTA TRANSPARENTE 1

Já errei tanto que agora só quero tentar acertar, tentar merecer ser feliz. Tentar merecer um pedacinho da paz que sempre busquei. Já pisei em tantos pés caridosos e amantes que hoje jogo flores por onde passaram. Só quero acreditar na ilusão de que posso me redimir. Sinto que nunca me amei realmente, sinto que enquanto via carinho nos olhos alheios, eu não sabia me acarinhar. Enquanto via amor, eu não soube amar. Vivi de sensações, hoje tento viver de sentimentos. Ainda é um caminho um tanto obscuro esse que escolhi, mas ainda assim, hoje consigo enxergar.
Tenho dúvidas sobre a morada da felicidade. A encontramos somente no fim ou ela está no meio do caminho? O fim... quanto receio ainda tenho de concluir o percurso e não ter mais para onde seguir. O medo... ele que é tão confundido com consciência. Ah, a consciência... amarga, feroz, sempre honesta e sincera. E sinceridade sempre foi meu orgulho, meu refúgio. Só o que tive a me jactar.
Foram muitos anos, mas talvez ainda existam tantos à frente! Como seguir sem saber se vai chegar? Sei que estou tentando, estou seguindo, caminhando e encarando todos os fantasmas dos quais, reconheço, jamais conseguirei me livrar. Então, hoje tento aliá-los a mim. Percebi que os monstros são feitos do medo de fracassar, de sofrer e de magoar. Medo do que, muitas vezes, sequer conseguimos controlar. Então quem disse que deletar é uma opção? Quem disse que é possível apagar o que já foi consumado?
Sem tentar fazer muito sentido, sou uma bela moça mas as marcas são bem visíveis. Não tento mais apagá-las, só sigo tentando vir a merecer o que procuro. Até mesmo, merecer o que já tenho. Tento recolher pela estrada, tudo que puder ser comparado à felicidade. Cada resquício de alegria, de vaidade, de paz e de amor me são válidos. Hoje consigo enxergar minhas contradições e até mesmo aceitá-las, pois ninguém consegue ser tão constante. Enfrento pesadelos, acolho lágrimas e já consigo apaziguar dores... é o que importa por HOJE.

sexta-feira, abril 08, 2011

Tenha um AMANTE!

Dr. Jorge Bucay - PSICÓLOGO –
Tradução do original “Hay que buscarse un Amante”

Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não têm e as que tinham e perderam.
Geralmente são essas últimas as que vêem ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro ou as mais diversas dores.
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: “Depressão”, além da inevitável receita do antidepressivo do momento.
Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que elas não precisam de nenhum antidepressivo.
Digo-lhes que elas precisam de um AMANTE!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho.
Há as que pensam: “Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas?!” Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais.
Àquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte: AMANTE é “aquilo que nos apaixona”. É o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O nosso AMANTE é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso amante em nosso parceiro, outras, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis.
Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto...
Enfim, é “alguém” ou “algo” que nos faz “namorar” a vida e nos afasta do triste destino de “ir levando”.
E o que é “ir levando”?
Ir levando é ter medo de viver.
É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.
Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã.
Por favor, não se contente com “ir levando”. Procure um amante, seja também um amante e um protagonista... DA SUA VIDA!
Acredite: o trágico não é morrer. Afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém.
O trágico é desistir de viver; por isso, e sem mais delongas, procure um Amante...
A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo Transcendental: “PARA SE ESTAR SATISFEITO, ATIVO, SENTIR-SE JOVEM E FELIZ, É PRECISO NAMORAR A VIDA."